Líder opositor se declara presidente interino da Venezuela; Trump reconhece
CARACAS - O líder opositor venezuelano Juan Guaidó se declarou presidente interino da Venezuela nesta quarta-feira, 23, durante as manifestações pela renúncia do presidente Nicolás Maduro no país. Minutos após o anúncio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Guaidó como presidente de facto do país e convocou líderes latino-americanos a fazerem o mesmo.
"Usaremos todo o poder econômico e diplomático dos Estados Unidos para restaurar a democracia na Venezuela", disse Trump em nota. Fontes do governo americano disseram a empresas do ramo de energia do país que podem impor sanções ao petróleo venezuelano nos próximos dias se a situação se agravar.
Os Estados Unidos impuseram sanções econômicas à Venezuela em 2017, que dificultaram as fontes de financiamento do regime chavista. Com isso, o governo e empresas estatais deram calote em títulos da dívida e tiveram de procurar outras formas de recurso, principalmente na exportação de ouro. Essas punições também afetaram a produção de petróleo venezuelana indiretamente, porque o governo tem tido dificuldades para honrar seguros e compromissos com fornecedores.
"Incentivamos outros governos do Hemisfério Ocidental a reconhecer o Presidente da Assembleia Nacional, Guaidó, como o Presidente Interino da Venezuela, e trabalharemos construtivamente com eles em apoio a seus esforços para restaurar a legitimidade constitucional", acrescentou Trump. "Continuamos a responsabilizar diretamente o regime ilegítimo de Maduro por quaisquer ameaças que possam representar à segurança do povo venezuelano."
O presidente americano elogiou também as manifestações desta quarta-feira na Venezuela. "O povo da Venezuela se manifestou corajosamente contra Maduro e seu regime e exigiu a liberdade e o Estado de Direito", escreveu Trump.
Presidente da Assembleia Nacional, Guaidó tinha chegado a sinalizar que pretendia se declarar líder do país após a a Assembleia considerar Maduro "usurpador", mas vinha evitando fazer isso abertamente. "Juro assumir os poderes da presidência e colocar fim à usurpação", disse Guaidó, que tem prometido substituir Maduro com o apoio de militares e burocratas que romperem com o governo e convocar novas eleições.
O governo do Canadá e a Organização dos Estados Americanos (OEA) também reconheceram Guaidó como presidente interino nesta quarta-feira.
Os principais atos contra Maduro ocorrem nas cidades de Caracas, Maracaibo, San Cristóbal, Barquisimeto, Mérida e Valência. O governo convocou chavistas para demonstrar apoio a Maduro, mas estes se reúnem em menor número.
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