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Quem venceu o debate da Rede Amazônica


Por Raimundo de Holanda

02/10/2018 23h51 — em
Bastidores da Política



Debate é sempre importante, mas ultimamente tem sido pouco esclarecedor. Há uma tendência dos candidatos a espalharem desinformação e utilizarem em proveito próprio essa tragédia coletiva que é a violência que explode  a cada minuto, minando o tecido social. Como se eles, em grande parte, não fossem responsáveis por isso. Como se a violência fosse um mal  que cai sobre famílias e a fonte geradora fosse sempre o crime organizado. Não é. A violência sai de dentro das casas e ataca a todos, porque implode como um balão dentro de cada sala.Todos, na prática, tem um pouco de culpa, uma parcela de responsabilidade. 

Há desinformação porque a maioria dos candidatos olha o governo e seus problemas como se narrassem  uma partida de futebol, com emoção e paixão. Como se noticiassem um sequestro, a abertura de uma vala na rua, o desabamento de uma casa. Não é assim. O Estado é uma engrenagem  complexa. Visto de dentro para fora é um mundo que sangra. 

Dos candidatos que participaram do debate desta terça-feira apenas três deles pareceram conhecer essa engrenagem, minimamente. Um deles, Amazonino Mendes, o outro David Almeida e é surpreendente que o terceiro deles,  menos cotado nas pesquisas eleitorais, fosse uma mulher: Lucia Antony, que surpreendeu por não ter passado pelo governo e ter pouca experiência administrativa. Mas mostrou uma visão critica de uma realidade permeável e com propostas para a transformação que a sociedade quer. 

Amazonino foi sóbrio, irônico, mostrou maturidade, o equilíbrio que faltou  a alguns adversários. É um homem de idade avançada mas  com idéias novas. Ou o novo verdadeiro  com a experiência que o eleitor procura para conduzir o navio em meio a esse banzeiro que ameaça jogar seus ocupantes  contra as  pedras, ceifando vidas e sonhos.

David foi consciente. Durante o debate mostrou que conhece a engrenagem do Estado, sabe como funciona. É uma  opção para o eleitorado indeciso.

Wilson Lima foi o melhor téorico de governo, o melhor narrador de fatos ouvidos, o melhor ator. Mas o governo não é uma novela, nem o estúdio de um programa de tv.  É uma engrenagem complexa  e  ficou claro, durante o debate, que ele não o conhece por dentro. 

Omar foi sangue e fígado, especialmente quando mirou Amazonino Mendes, de quem foi aliado. Pecou por não perceber que as falhas do governo - que existem - passaram por ele e por outros governantes. São feridas que levam tempo para cicatrizar.  Responsabilizar o governador atual, apenas ele, é não perceber o espelho que o desafia a  se olhar…

Berg foi mero  atirador. Mesmo assim apontou errado a baladeira para seus opositores. Talvez por isso amargue a ultima colocação nas pesquisas…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.