O Mau Caminho das cooperativas médicas no Amazonas
Mais uma vez ficou comprovado que as cooperativas médicas manipulam a saúde pública, tornam o sistema refém de interesses menores e fragilizam o poder do Estado. Pior, são um ralo por onde escorrem recursos fabulosos, que não chegam aos milhares de pacientes nos hospitais. Romper com esse sistema, corrupto por essência, é um dever do governador - do atual e do sucessor, que toma posse em 1o de janeiro. Recorrer ao concurso público para contratar médicos é uma saída.
São fabulosos os recursos que caem nas mãos das cooperativas e danoso o poder dessas entidades em parar um sistema que elas deveriam fazer funcionar.
Mesmo considerando o atraso de pagamentos, como empresas deveriam ter um caixa reserva para pagar seus "associados". Afinal, receberam quase R$ 500 milhões em menos de um ano.
A questão é para onde foi esse dinheiro? Será que chegou nas mãos do médico que dá plantão nas unidades de saúde e cumpre seu papel funcional ? Ou foi repartido pelo pequeno grupo que se julga dono de entidades que, segundo seus estatutos, “não tem fins lucrativos”?
É um caso para o Ministério Público Federal investigar. Afinal, são recursos federais em sua maior parte utilizados nesse sistema corroído e corrompido. A operação Maus Caminhos revelou um fio do novelo. Há mais, muito mais a descobrir.
VEJA QUANTO AS COOPERATIVAS RECEBERAM EM UM ANO
O Governo do Estado pagou, de novembro de 2017 a outubro de 2018, R$ 425.733.461,10 para 15 empresas médicas que prestam serviços na saúde.
Coopanest – R$ 62.228.220,47
ICEA – R$ 50.271.658,32
Imed – R$ 49.077.124,62
Coopati – R$ 43.978.220,17
Igoam – R$ 43.550.700,31
Coopaneo – R$ 40.147.351,77
Cooperclin – R$ 31.867379,64
ITO-AM – R$ 31.676.990,57
Cooped – R$ 27.692.623,34
Cooap – R$ 12.388.051,45
Cardiobaby – R$ 10.047.393,33
Univasc – R$ 7.887.478,03
Clínica Neurocirúrgica – R$ 5.521.009,55
Sapp – R$ 5.481.629,93
Uninefro – R$ 3.917.629,60
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.