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Monte Horebe vira barril de pólvora para o governo


Por Raimundo de Holanda

28/02/2020 20h21 — em
Bastidores da Política


  • A reação dos moradores com o anúncio da desocupação da aérea pela força foi dura e o governo do Amazonas agora tem duas saídas: reavalia sua posição ou parte para o confronto, com todos as consequências funestas previsíveis.

O governo do Amazonas jogou gasolina e tocou fogo num barril de pólvora. E fez isso da pior maneira possível: num final de semana, anunciando a retirada de 10 mil famílias da maior invasão de Manaus, o Monte Horebe, para segunda-feira. E o fez sem uma estratégia, sem uma política de apoio às famílias, como se a policia pudesse expulsar de uma única vez milhares de pessoas. A reação foi dura e o governo  agora tem duas saídas: reavalia sua posição ou parte para o confronto, com  todos as consequências funestas previsíveis.

Se houver um mínimo de coerência, recua da desocupação pela força. E parte para uma negociação com os moradores.

Os residentes no local estão em polvorosa e ‘ameaçados’ por duas forças que amedrontam: A força da Lei - que predomina contra os mais fracos, e a pressão do crime organizado.

Na coletiva de imprensa em que anunciou a reintegração de posse da área, o vice Carlos Almeida colocou mais dúvidas e incertezas que segurança para as famílias em risco.

Falou do objetivo de ‘acabar com a criminalidade’ que domina a invasão, mas não garantiu a segurança habitacional das famílias, ao dizer que “não será feito cadastro dessas pessoas”.

Talvez na visão do governo, os moradores e a bandidagem que impera no Monte Horebe são ‘farinha do mesmo saco’. Para acabar com um, será preciso exterminar a presença do outro?

A ação programada e a fala do governante soam com absoluta falta de sensibilidade, num momento em que centenas de famílias ali alojadas esperavam ao menos um aceno de paz.

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ASSUNTOS: Amazonas, Carlos Almeida, cv, fdn, invasão monte horebe, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.