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Esqueceram do procurador, mas ele pode fazer história...


Por Raimundo de Holanda

07/03/2017 18h00 — em
Bastidores da Política



A eleição para desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas, realizada nesta terça-feira, vai ficar na história. Menos pelo escolhido - que tem méritos - e mais pelo fato de o procurador geral de justiça, mais votado pelos membros do Ministério Público Estadual, não ter recebido sequer um voto. Desembargadores, neste caso, são eleitores, tem  liberdade para escolher os nomes que entendem qualificados para a função. Mas "esquecer" que o principal membro do Ministério Público figurava na lista foi, no mínimo, uma descortesia. 

Na prática, uma rejeição absoluta, combinada ou não ... 

A questão não é a autonomia da escolha que o tribunal tem, é a indiferença a um membro do MP que participa diretamente das reuniões do Pleno, como fiscal da sociedade. 

A questão não é a qualificação de Fábio para ocupar a vaga, pois todos eram ou são qualificados, inclusive o escolhido. Mas o fato de não ter recebido sequer um voto.

O Tribunal sai mal dessa história, mas pode ter despertado no Ministério Público o sentimento de que é hora de pensar grande, que a sociedade quer muito mais ação, muito mais coragem, muito mais desprendimento, muito mais engajamento na luta contra a corrupção.

Promotores  e procuradores precisam despertar para esse novo País que surge revigorado a partir de ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, que não podem dar conta sozinhas de problemas que tem raízes regionais, como os subornos que estão vindo a tona com as delações de executivos das grandes empreiteiras.

No Amazonas cabe o MP dar sua contribuição. Seja investigando a sua parte em relação as denúncias envolvendo Camargo Correa e Andrade Gutierrez ou de outras operações ilegais, esquecidas pela justiça, como as obras fantasmas do Solimões.

Quem sabe a eleição desta terça  não acaba fazendo um grande bem a Fábio Monteiro, que pode nessa sua segunda gestão fazer história...

 

ZÉ RICARDO E BELÃO

Ferrenhos adversários no Estado, os deputados José Ricardo Wendling (PT) e Belarmino Lins (Pros) se unem nas críticas ao governo Michel Temer (PMDB) por causa da alíquota de 11% referente à contribuição previdenciária.

“Daqui a pouco essa alíquota chegará a 20%, um atentado contra o servidor”, ataca Belão. “Isso é o fim da picada, é o cúmulo desse governo”, dispara Zé Ricardo.

OS CHORÕES

Os Estados da Amazônia Ocidental têm senadores com ‘força’ dentro do governo, em Brasília, três deles do PMDB: Romero Jucá, Eduardo Braga e Waldir Raupp. Sem contar Omar Aziz e Acir Gurgacz, também aliados. Dos 12 senadores da região, só Jorge Viana, Vanessa Grazziotin e Ângela Portela são ‘do contra’.

Mas essa bancada de pesos-pesados ‘choraminga’ da tribuna do Senado, quando se trata de defender os interesses regionais. Como aconteceu ontem com Waldir Raupp pedindo ‘ajuda’ da Suframa para asfaltar a ALC de Guajará Mirim.

Logo à Suframa, que vem sendo esvaziada sistematicamente como agência de desenvolvimento, nas últimas décadas.

UCs FEDERAIS

Uma modificação na legislação das UCs federais, reconhecendo o direito dos produtores tradicionais e familiares de permanecerem trabalhando em suas terras, dentro das normas de sustentabilidade, resolveria o problema nos municípios do rio Madeira.

Mas a força de lobbies de mineradores e sojeiros empurram a bancada do Amazonas a defender a redução drástica das reservas ambientais em alguns milhões de quilômetros quadrados, onde se encontram campos gerais e garimpos de ouro.

   

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ASSUNTOS: desembargadores, FÁBIO MONTEIRO, Tjam

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.