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Criminosos que ficam longe das chacinas e lucram com o sistema prisional no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

27/05/2019 19h22 — em
Bastidores da Política



O sistema prisional no Amazonas é  um grande negócio,  de R$ 200 milhões. Uma caixa preta que o Ministério Público precisa abrir urgentemente. A sociedade não pode continuar a sustentar um sistema viciado,  onde os  grandes criminosos  nem sempre estão nas celas, nem marcados para morrer…

PCC e FDN resolveram travar uma nova guerra e o palco, como sempre, foi o sistema prisional, que as duas organizações criminosas dominam.  O saldo em 24 horas é de 57 mortos. Mas o pavio continua aceso e nova matança pode ocorrer a qualquer momento.

Compaj, IPAT, Unidade do Puraquequara e CDPM viraram campos de guerra. O Estado tem pouca ou nenhuma ingerência nessas aéreas originalmente edificadas para  o cumprimento de penas. E não tem por causa das relações promíscuas de agentes públicos com essas organizações. Ou elas não seriam tão fortes ao ponto de desafiar o Estado, estabelecer regras de convivência dentro das penitenciárias, decidir sobre quem vive e quem morre.

É um problema aparentemente  sem solução, por causa dos vícios do sistema prisional, que começam nas relações da empresa contratada para administrar os presídios com agentes públicos, que se escondem por trás de subcontratadas para outras funções nos estabelecimentos prisionais.  É um grande negócio,  de R$ 200 milhões. Uma caixa preta que o Ministério Público precisa abrir urgentemente.

A sociedade não pode sustentar um sistema viciado,  onde os  grandes criminosos  nem sempre estão nas celas. Pelo contrário, um grande grupo deles enriquece com a miséria de quem cumpre pena e geralmente já entra no  sistema prisional marcado para morrer.

O Estado errou ao misturar presos das duas facções  em apenas uma cela  em uma das unidades prisionais. Foi o mesmo que autorizar a matança.

Dizer agora que está tudo sob controle, como fez o governador,  é minimizar a chacina.  O risco  de novo incêndio é  tamanho que o governo que diz estar tudo sob controle está pedindo que forças federais desembarquem urgentemente no Estado. Alguém está saindo desse episódio com as mãos manchadas de sangue.

GUERRAS DE FACÇÕES DESMENTEM SECRETÁRIO DA SEAP

Agentes federais de execução penal e estaduais treinados para conter rebeliões em presídios vão tomar conta do Campaj. A intervenção federal foi acertada pelo ministro Sérgio Moro com o governador Wilson Lima. A propaganda do governo era falsa, não havia segurança efetiva.

O secretário de Administração Penitenciária, coronel Marcos Vinicius disse no domingo, logo após as primeiras 15 mortes no Compaj, que o governo “não reconhece” a existência de facções criminosas no Amazonas.

Uma arrogância desnecessária, fora de tempo e perversa. A resposta do crime organizado foi brutal: mais 42 mortes nos presídios de domingo para segunda-feira. Mais uma prova concreta de que o governo é confuso e fora de sintonia.

O comando do governo não sabe comandar. Brinca com a morte... dos outros. A ‘briga’ na hora das visitas no Compaj foi apenas a primeira etapa de um massacre em quatro atos.

Sobrou arrogância e faltou inteligência no comando da segurança. O secretário passou uma informação falsa: os 15 presos teriam sido mortos asfixiados, porque não havia armas.

As imagens o desmentiram. A ‘2ª guerra das facções’ em Manaus superou o número da primeira: 56 mortos em 1º de janeiro de 2017.

obs:

Os vídeos da coluna foram produzidos pelo fotógrafo Pedro Braga Jr, do Portal do Holanda

Pedro Barros JR registra um  momento de união e oração dos familiares de presos assassinados nos presídios de Manaus.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.