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A carta, cheia de enigmas, do vice-governador


Por Raimundo de Holanda

18/05/2020 19h52 — em
Bastidores da Política



A carta de demissão como titular da Casa Civil encaminhada pelo vice-governador Carlos Almeida ao governador Wilson Lima é carregada de enigmas. A citação a Cila e Caríbdis - personagens de Odisseia, poema  escrito  por Homero há  2.800 anos, não faz do vice governador um Ulisses, o herói da Guerra de Troia. Mas abre questionamentos sobre quais “ninfas” se transformaram em monstros num governo que, de certa forma, comandou por quase dois anos,  e quais as causas dos redemoinhos ou sorvedouros que ameaçavam levar a pique um barco recém construído.

Carlos fez uma carta para não ser entendido, ou escolheu, propositadamente, um público seleto como destinatário.

Ao falar de  distopia  - “muitas ( das ideias passadas pelo pai) “ecoam em meus pensamentos como sinalização para se evitar os mundos distópicos de Orwel ou Huxley. Daí minha paixão pelo exercício de meu ofício”( Defensor Público)  - deve compreender que distópica é a realidade que não  se deve evitar, é o futuro que se deseja construir. O vice governador preferia viver a utopia de um mundo inexistente, marcado por denúncias que poderiam ser evitadas?

E os monstros  que ele diz ter encontrado, onde estão?  Carlos diz na carta que  “não se singra por águas tormentosas sem que se tenha de enfrentar Cila e Caribdis”, e que  “em política não é diferente”, que  “personagens tão ou mais perigosos se encontram em todos os lugares, às vezes, até mesmo dentro do nosso próprio barco”.

O conteúdo da carta é interessante, mas compreensível apenas para o público que ele certamente escolheu como destinatário. Pareceu a construção de uma blindagem contra “Cila e Caribdis”, mas em batalhas  vindouras…

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ASSUNTOS: Bolsonaro, Carlos Almeida, governo do amazonas, hidroxicloroquina, wilson lima. casa civil

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.