Bolsonaro é o que menos perde com Coronavírus
Com o Congresso solidário e aumentando o poder do Executivo para gastar, o governo federal faz um jogo complexo para evitar, ao seu modo, uma onda de falências. Anunciou a injeção de R$ 55 bilhões, do BNDES, na economia. Se a preocupação é manter os setores produtivos funcionando, o que parece impossível com as medidas de restrição a circulação já anunciadas, as ações sanitárias deveriam ser a prioridade máxima.
A quantia anunciada é midiática e revela a preocupação do governo em melhorar a imagem do presidente Bolsonaro, que vem caindo diante de suas falas e atitudes na crise.
O ‘grosso’ dessa grana, R$ 30 bilhões, vai para setores de infraestrutura de grande porte, e pequenas e médias empresas, para refinanciamento direto e indireto de operações.
A destinação de R$ 20 bilhões do PIS/Pasep para saques do FGTS é outra atitude midiática, que mostra a incoerência de ‘socorrer’ setores econômicos, já provisionando para demissões. E de quase nada adiantará, no médio e longo prazo, flexibilizar, como pretende o governo, o regime de home office - que, por sua natureza, é provisório e não contempla o interesse da maioria das empresas - ou mesmo a antecipação de férias, com o trabalhador com a corda no pescoço para demissão.
No final, quando a população brasileira se ‘acostumar’ com o novo vírus, empresários e trabalhadores estarão descapitalizados para sobreviver, enquanto Bolsonaro, como sempre, usará a desculpa de que a causa da crise é a democracia, o Congresso e o Judiciário. E será seguido por um bando de anencéfalos - que constituem seu exército virtual.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.